terça-feira, 13 de setembro de 2011

CAIS DO PORTO


A notícia de que o projeto de revitalização do Cais do Porto está prestes a efetivamente sair do papel coincide com uma outra notícia de cem anos atrás. O Correio do Povo de 13 de setembro de 1911 informava que estava autorizado o processo de desapropriação dos terrenos à beira do Guaíba para a construção do porto.

Demorou, todavia, até que a obra estivesse completamente pronta. Ganhou impulso somente em 1919, por ordem do governador Borges de Medeiros, e foi concluída em 1927. Contando com uma estrutura que oferecia armazéns e guindastes, o porto se estendia por cerca de 1600 metros.

A reforma atual também está demorada. Há anos se arrastam as promessas de revitalização do espaço. Com a entrega do projeto ao prefeito José Fortunati, parece que a inciativa está a poucos passos de se concretizar. Aguardemos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Relíquia


Bumerangue de James Cook

Quem quiser ter na estante de casa um bumerangue achado por James Cook terá que desembolsar cerca de R$ 60 mil. A peça será leiloada dia 29 e estima-se que seja arrematada com lance próximo a esse valor. O objeto foi coletado pelo navegador britânico em sua viagem à Austrália em 1770 e, segundo o site do jornal The Guardian, o objeto foi reencontrado recentemente em um sótão na cidade de Dorchester, na Inglaterra.

sábado, 10 de setembro de 2011

11 perguntas sobre o 11 de setembro


Vale a pena conferir as respostas das 11 perguntas elaboradas pela resvista Aventuras na História sobre o
11 de setembro.



Por que ninguém viu o avião que caiu no Pentágono?

Os terroristas eram pilotos hábeis o suficiente para fazer as manobras com os aviões?
Como se explica a apatia de George W. Bush ao saber dos atentados?
Os passageiros do avião que caiu na Pensilvânia realmente lutaram contra os terroristas?


Para ver todas as perguntas e respostas, clique aqui.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tragédia da Rua da Praia



Caos na Porto Alegre de 1911

Parecia cena de um romance policial. O amanhecer da pacata Porto Alegre naquele 5 de setembro de 1911 foi singular. O jovem Alcides Brum saiu cedo de casa para abrir a estabelecimento de câmbio onde trabalhava. Mal pode abrir a porta e a vitrina da loja à Andradas e já foi surpreendido por um grupo de quatro assaltantes. Antes de qualquer movimento do rapaz, os bandidos não perderam tempo em abrir fogo. Baleada a vítima, juntaram os valores que puderam e bateram em retirada.

Local do crime: Rua da Praia, à direita
Desceram os quatro assaltantes pela atual Uruguai, tomando logo a Sete de Setembro. Ao chegarem no espaço que hoje é conhecido por Largo Glênio Peres que os guardas os viram. Não vacilaram em tomar um carro de praça e descer pela Voluntários. No andar, já sendo perseguidos pela polícia, abandonaram o transporte de equinos e tomaram um bonde, retirando todos passageiros de dentro. Na velocidade que exigiram que o motorneiro impusesse, o comboio descarrilou no caminho para a Zona Norte.

Os fugitivos ainda roubaram uma carroça e aí se perderam na antiga várzea do Gravataí. Só no dia seguinte foram encontrados. Os policiais, ao achar os bandidos, não vacilaram e balearam os quatro. O transporte dos corpos pareceu um desfile. O carro foi seguido pela população e as cenas foram registradas para um filme sobre o caso – produzido por Eduardo Hirtz e que estreou poucos dias depois no cinema Coliseu. O crime abalou a sociedade porto alegrense à época, além de virar alvo de disputas políticas, policiais e jornalísticas.

                                                                                                              
Rafael Guimaraens conta o episódio em detalhes no romance A tragédia da Rua da Praia, lançado pela editora Libretos. Vale a pena conferir a obra que não só relata o caso como remonta todo ambiente de Porto Alegre naquele tempo, inserindo personagens célebres do cotidiano da capital à época.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Auguste Comte

Em 5 de setembro de 1857, morreu, em Paris, Auguste Comte, aos 59 anos. O filosofo francês foi o idealizador do Positivismo. Suas ideias tiveram grande influência na política do Rio Grande do Sul do final do século 19 e início do século 20. A doutrina Castilhista - dominante no Estado na época de Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros - não era mais que uma adaptação gaúcha do Positivismo de Comte.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Curiosidade


Celular

DynaTAC é o nome do primeiro celular da história a ser comercializado. Fabricado pela Motorola entre 1983 e 1994 (nos EUA), o aparelho móvel pesava 794 gramas e media 33 centímetros. A bateria tinha autonomia de oito horas em modo de espera e uma hora conversação e a memória armazenava até 30 números na agenda. Na época do seu lançamento, o celular custava carca de 4 mil dólares (nos valores de hoje, cerca de R$ 13,6 mil).

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Visconde de Mauá: estrada de ferro


O dia que d.Pedro II teve que trabalhar


Em 1852, foi lançada a pedra fundamental da primeira ferrovia no brasil, a Estrada de Ferro Mauá. O trajeto ligava as estações de Mauá e Fragoso, no atual município de Magé, completando 14,5 km. O projeto foi idealizado por Irineu Evangelista de Sousa, que foi homenageado por dom Pedro II com o título de Barão de Mauá, na cerimônia de inauguração da obra, em 30 de abril de 1954. O “Mauá” do título foi dado justamente por causa da localidade da primeira estação da ferrovia.

Na cerimônia de lançamento da pedra fundamental da ferrovia, Irineu ofereceu um carrinho de mão e uma pá a dom Pedro II. Sugeriu que o imperador deveria ter a honra de fazer o primeiro corte no solo para a abertura da estrada. Para não quebrar o protocolo, dom Pedro, teve que encher o carrinho de terra e empurrá-lo. Não poderia haver constrangimento maior ao monarca do que se render ao trabalho físico, mesmo que simbolicamente.

A relação entre Irineu e dom Pedro II não era das melhores. Pedro alimentava ciúme por ver o futuro Visconde de Mauá trazer o desenvolvimento para o império sem depender do governo. Irineu, por sua vez, também procurava manter seus negócios longe do governo. Nas vezes em que tentou se aproximar foi repelido e teve os negócios prejudicados pelos conservadores o julgavam liberal e progressista em demasia.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Eucaliptos

Casa vermelha

Palco do Rolo Compressor – considerado o melhor time da história do Internacional – o estádios dos Eucaliptos está a um passo de ser implodido para a construção de um condomínio residencial.

Casa do Inter por 38 anos, o Eucaliptos era, até a construção do Olímpico, do Grêmio, em 1954, o maior estádio de Porto Alegre. Sediou duas partidas da Copa do Mundo de 1950.

A ideia da construção do espaço começou a amadurecer no final da década de 20, quando o clube já havia completado 20 anos sem sede própria. O presidente Ildo Menegheti encontrou um terreno adequado na rua Silvério, no Menino Deus, e logo colocou à venda as ações para a construção do estádio.

A inauguração foi festejada com um Gre-Nal, em que o Inter venceu por 3 a 0. Até a 1950, o estádio contava com a uma arquibancada de concreto e um pavilhão de madeira. Nesse ano, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) financiou a obra que transformou o pavilhão em outra arquibancada de concreto. Entre os craques do Colorado que jogaram no gramada estão Tesourinha, Carlitos e Larry.

Na década de 60, com o time projetado no cenário nacional, o espaço e a estrutura já não comportavam a crescente torcida. A construção do Beira-Rio foi iminente. Com isso, a última partida foi jogada em março de 1969, quando o Inter ganhou de 4 a 1 do Rio Grande.

Em 1999, na tentativa de recuperar o prestígio do velho estádio, o Inter disputou uma partida contra o Rio Grande e venceu por 6 a 2. O imóvel foi vendido no ano passado para uma construtora Melnick Even, que anunciou que no local terá um espaço reservado à memória do antigo estádio.

Fontes: internacional.com.br e terceirotempo.ig.com.br/quefimlevou

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Legalidade

Jânio e Che Guevara

Há 50 anos, nesse mesmo 19 de agosto, o presidente Jânio Quadros concedeu a Ernesto Che Guevara a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. A oferta da condecoração, que aconteceu em Brasília durante a visita de “Che” ao Brasil, gerou descontentamento de alguns militares. O desconfortável episódio não foi a gota d’água, mas contribuiu para estourar a crise dos dias seguintes, que culminou com a campanha pela legalidade.


Está em cartaz na Usina do Gasômetro a exposição “Legalidade, 50”, em homenagem ao movimento de 1961 liderado por Leonel Brizola. Mais informações no site da Secretaria Municipal da Cultura. Vale a pena conferir.



Foto: Alexandre Munhoz/PMPA

Roma antiga

Encontrado navio de século 2 a.c.

Um navio romano com aproximadamente 300 ânforas foi descobriram no fundo do mar por pesquisadores albaneses e norte-americanos. A embarcação, que provavelmente naufragou no século 2 a.C., foi encontrada na costa albanesa, no encontro entre os mares Adriático e Jônico.


Saiba mais

Fonte: clarin.com

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Segunda Guerra

Noite do Quebra-Quebra

Um dos episódios mais marcantes para Porto Alegre durante a Segunda Guerra Mundial foi a chamada Noite do Quebra-Quebra. Foi em 18 de agosto de 1942 que os gaúchos saíram às ruas para protestar contra as potências do eixo. No dia anterior, os submarinos nazistas puseram a pique, covardemente, dois navios mercantes brasileiros. A indignação do povo provocou a memorável baderna. Os trabalhadores de origem alemã e italiana sofreram prejuízos incalculáveis, com suas lojas, fábricas e oficinas depredadas. A população enfurecida não poupou os estabelecimentos que levava nome de origem germânica ou italiana.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

PATRIMÔNIO HISTÓRICO


Inaugurada restauração da Igreja da Conceição Em meio a crise que ameaçou embargar a restauração, obra da Igreja da Conceição é finalizada parcialmente. A maior parte dos trabalhos foram realizados na parte interna - nave central, altar, tribunas, bancos e imagens.

Mais informações, clique aqui.

Fonte: Prefeitura de Porto Alegre

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Viagem

A esteira de bagagens do aeroporto

Sempre achei bizarra aquela aglomeração de gente dependurada na ponte de Tramandaí experimentando a sensação de ser pescador. O povaréu empunha seus caniços e disputa acirradamente espaço na beirada da ponte afim de submergir o anzol recém-comprado. Logo o entusiasmo de estar ingressando no mundo da pesca se transforma em angustia. Vê o vizinho encher o balde dos pequeninos piscinos enquanto sua vara permanece imóvel. Frustra-se quando sua linha enrosca em outra e deixa o caniço cair rio abaixo. No dia seguinte tentará novamente.

Senti-me na ponte de Tramandaí quando desembarquei no terminal velho do Salgado Filho, no último final de semana. Aquele amontoado humano em volta da esteira de bagagens não deixava espaço para os passageiros menos apressados. Cada um se posicionava afoito a beira da esteira. Quando viam uma mala semelhante a sua, projetavam o corpo para pesca-la. Uns ansiosos pinçavam a bagagem e quando constavam estar em poder de pertence alheio arremessavam o volume na esteira sem medir consequências.


Aqueles que conseguiam agarrar sua bagagem sorriam aliviados e, se um ou outro, era possível até escutar um brado de júbilo “peguei, peguei”. Um magricela perto de mim agarrou a alça da sua mala e, quando a puxou para fora da esteira, jogou o pesadíssimo objeto nas pernas de uma companheira de vôo. A senhorinha gemeu, balançou o corpo até que conseguiu se estabilizar. Não tinha visto o peso vir em sua direção porque estava de bolitas grudadas na esteira. Salvou-se do vexame de se espatifar no chão.

A esta altura, eu, finalmente, consegui encostar na esteira. Um baixinho do meu lado estava enlouquecido. Já tinha alçado todas as malas pretas que desceram do avião. Levantava, via que não era a sua, largava. Levantava, via que não era a sua, largava. Botava a mão, sentia que não era a sua, afastava-se. Voltava. Levantava, via que não era a sua, largava. Até que, enfim, abraçou uma bagagem em definitivo. Ainda bem que se foi, pensei. Que nada... quando percebi, estava o baixinho do meu lado de novo. No que jogou o volume na esteira, suspirou “mas não é possíííível”.

Enchi os pulmões de ar quando vi, ao longe, a minha bolsa verde deslizando. Quando estava próxima, projetei o corpo e ao passar por mim, grudei-me nela como pude. Girei o corpo e joguei-a no chão. Respirei, ergui a mala e a depositei no carrinho. Deixei para trás aquela gente. Deixei para trás aquele saguão cheio de bagagens extraviadas. Deixei para trás aquele velho terminal desconfortável.

Sei que voltarei a voar e a desembarcar no mesmo lugar. Sei que voltarei a disputar o leito da esteira em busca da minha mala. Muitos me empurrarão. Empurrarei muitos. É inevitável que todos nós tenhamos nosso dia de pescador. Os peixes da ponte de Tramandaí são como as bagagens de esteira do aeroporto: é raro quando conseguimos pescar, assim como é raro quando resgatamos a mala sem extraviar.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

José Montaury

O Intendente Eterno

O Positivismo fervilhava em Porto Alegre naquele final de século dezenove. Júlio de Castilhos dava as cartas na política do Rio Grande, adaptando a doutrina comteana à cultura farroupilha. Em meados de 1896, a capital dos gaúchos precisava escolher um novo prefeito ou intendente, como era chamado à época. Embora o eleitorado não abrangesse toda população, era a primeira eleição direta para o cargo na cidade.

O único candidato naquele pleito era um engenheiro civil, natural de Niterói (RJ), solteiro (o que não era bem visto naqueles tempos) e sem residência fixa em Porto Alegre. José Montaury de Aguiar Leitão, que trabalhara na Comissão de Terras e Estabelecimento de Imigrantes no interior do Rio Grande, fora convocado pelo chefe do Partido Republicano Riograndense (PRR), Júlio de Castilhos, para concorrer à intendência da capital. A ausência de oponentes e o domínio do partido no estado efetivaram a vitória de Montaury.

O Correio do Povo de 29/09/1896 informa que Porto Alegre tinha uma população com pouco menos de 64 mil habitantes e um colégio de 6.073 eleitores na data daquela eleição. Vale lembrar que o voto não era obrigatório e nem secreto. Em 28 de setembro de 1896, “compareceram 2,4 mil votantes e, desse total, apenas sete votos foram registrados contra Montaury”.

Depois daquela, foram mais seis eleições vitoriosas (1900, 1904, 1908, 1912, 1916 e 1920), diferindo-se muito dos administradores atuais, que reclamam de falta de tempo para dar continuidade aos projetos. Mesmo assim, seu governo é lembrado, justamente, pela falta de iniciativa no que se refere a ações de melhorias para cidade. Tal postura arrancou críticas até mesmo do companheiro de partido João Neves da Fontoura, que em suas memórias o classificou como administrador extremamente limitado.

– De um irritante conservadorismo, parecia abominar e temer todas as mudanças – julga João Neves, que ainda desaprovava sua permanência no cargo – as contínuas reeleições criaram para o partido e para o governo uma atmosfera de impopularidade.

Ainda assim, permaneceu tanto tempo a frente da intendência devido sua devoção ao PRR, a Júlio de Castilhos e a Borges de Medeiros, conforme destaca Margaret Marchiori Bakos, no artigo Etenos Intendentes de Porto Alegre.

A administração de Montaury, todavia, não foi de todo ruim. Foi autor, por exemplo, da importantíssima ampliação da rede de esgotos cloacais da cidade. É de sua iniciativa também a implantação dos serviços de primeiros-socorros e da guarda municipal. Sem sede própria, mandou construir o Paço Municipal, que foi inaugurado em 1901 e ainda hoje abriga o gabinete do prefeito.

Mas, se o Montaury administrador público foi questionado e criticado, o Montaury cidadão gozava de excelente reputação. No seu Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco, descreve o Eterno Intendente como padrão de honradez e modéstia e, destaca que, mesmo rotineira, sua administração fora pautada pela seriedade. Até mesmo o crítico do seu governo João Neves tece elogios ao seu comportamento.

– Era incontestável homem de probidade imaculada, caráter íntegro e bom profissional de engenharia.

Reservado, não costumava frequentar festas que não fossem as cerimônias oficiais. Seu verdadeiro prazer era o turfe. Também dedicava atenção à leitura da doutrina positivista de Auguste Comte.

Deixou a intendência em 14 de outubro de 1924. Depois foi deputado (1925-1929) e trabalhou como engenheiro para empresas privadas. O homem que mais tempo governou Porto Alegre morreu em 28 de setembro de 1939.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Aporelly

O humorista gaúcho que virou falso barão


Faculdade de Medicina de Porto Alegre – hoje abrangida pela Ufrgs. Exame oral da cadeira de anatomia. O professor Sarmento Leite, conhecendo o jeito do seu aluno, estendeu um fêmur e perguntou:
– Conhece?
– Ainda não. Muito prazer – respondeu prontamente Aparício Torelly, ao apertar a outra extremidade do osso.
Tiradas como essa se confirmaram como a marca registrada de Aparício, uma das mais irreverentes figuras de Porto Alegre.

Sua tendência para o humor começou cedo, ainda na escola. Interno do colégio dos padres jesuítas de São Leopoldo, o jovem – nascido em Rio Grande, em 1895 – criou o jornal humorístico Capim Seco, marcando também seu primeiro contato com o jornalismo.

Antes, porém, de colaborar ativamente com jornais de Porto Alegre, Aparício Torelly inclinou seu estudos para a área da saúde. E já nessa época não perdia a oportunidade de fazer uma boa piada. Aliás, é do tempo de estudante que se sabe de suas mais pitorescas histórias.

Uma delas aconteceu durante uma aula de Farmácia. Aparício complicou-se com as manipulações químicas propostas pelo professor Cristiano Fischer e desabafou:
– Mas logo o senhor, que tem uma farmácia, vem perguntar isso para mim?
Todavia, não eram todos os catedráticos que aceitavam com bom humor as brincadeiras. Certa vez um mestre se dirigiu a Aparício e perguntou:
– Quantos rins nós temos?
– Quatro – respondeu o aluno, sem vacilar.
– Quatro? – retrucou o professor já irritado por saber da fama de gozador de Aparício. Antes que o aluno pudesse se manifestar, chamou o bedel e disse:
– Traga um feixe de capim, pois temos um asno na sala!
– E para mim, um cafezinho – completou Aparício, não perdendo a oportunidade. O professor o expulsou da aula. Como se não bastasse, antes de sair explicou ao mestre:
– O senhor me perguntou quantos rins nós temos. Nós temos quatro, dois meus e dois teus. Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.

Não concluiu nem o curso de Farmácia, nem o de Medicina. Sua inclinação era mesmo para o jornalismo e humor. Publicou as primeiras colaborações na antiga revista Kodak, onde assinava como “Por Aporelly” ou “A por L”. E foi pelo pseudônimo que ficou conhecido, consolidando-o no seu livro Pontas de Cigarro.

Em Porto Alegre, também escreveu para a revista A Máscara e o jornal Maneca. Ainda fundou A Noite e a Reação, A Tradição e, enfim, o Chico, seu primeiro jornal de humor.

Aos 30 anos deixou Porto Alegre para morar no Rio. Quando chegou na Cidade Maravilhosa, procurou a redação d’O Globo. ¬Irineu Marinho (pai de Roberto Marinho) perguntou:
– O que o senhor veio fazer aqui?
– Tudo. De varrer a redação a dirigir o jornal. Creio que não ter haver muita diferença – respondeu Aporelly, que foi contratado na hora.

No Rio, ficou nacionalmente conhecido com o sucesso do jornal humorístico, que fundou, A Manha (e não A Manhã, para o qual escreveu anteriormente). Em 1931, auto intitulou-se Duque de Itararé, em homenagem à batalha que não aconteceu, na Revolução de 30. Como prova de modéstia, rebaixou seu falso título para Barão de Itararé, pseudônimo pelo qual ficou conhecido no país inteiro.

Morreu em 27 de novembro de 1971, aos 76 anos. Aporelly no Rio Grande, Barão de Itararé no Brasil. Este ano, se vão 40 anos sem Aparício Torelly, o humorista que aprendeu a fazer graça nas faculdades de Farmácia e Medicina de Porto Alegre e ganhou o Brasil com sua irreverência e bom humor.

domingo, 15 de maio de 2011

Mc História

Às margens da Rota 66, que em 15 de maio de 1940 os irmãos Dic e Mac McDonalds deram início àquela que se tornaria a maior rede de lanchonetes do mundo e a marca símbolo de uma cultura. O comércio de lanches, o qual inicialmente prevalecia o churrasco americano, logo foi dominado pela venda de hambúrguer.

Em 1948, a lanchonete já vendia exclusivamente hambúrguer, batatas fritas e milk shake, atingindo o sucesso pelo esquema de serviço rápido. Não demorou para que as franquias começassem a se espalhar pelos Estados Unidos. E, em 1967, começa a disseminação da rede no exterior. No Brasil, o primeiro McDonalds foi inaugurado em 1979, no Rio de Janeiro.

Desde que as franquias começaram a se espalhar pelo mundo, a rede tornou-se alvo constante de críticas. A empresa é apontada como a principal culpada pela obesidade e os radicais de esquerda veem a marca como o símbolo do capitalismo. Entre as lendas absurdas em torno do McDonalds está aquela que garante que os hambúrgueres são feitos com carne de minhoca.
Amada ou odiada, a rede ganhou o mundo ocidental. É uma das principais opções de lanches rápidos nas grandes cidades. Vai um Big Mac aí?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dia dos Bragança

O dia 13 de maio está gravado na história da família real Bragança. Foi nessa data, em 1676, que nasceu dom João VI. Retratado com perícia por Laurentino Gomes (em 1808, Editora Planeta), o Rei Medroso só reinou em razão da morte do seu irmão mais velho, José. A insanidade da mãe, Maria I, a Louca, jogou-o ao posto de príncipe-regente. Em 1807, transferiu o centro no reino para a colônia brasileira, fugindo de Napoleão e abandonando seus súditos.

A partir dessa atitude de falta de coragem, que começou o enraizamento dos Bragança no Brasil. Ainda que o Brasil estivesse ligado a Portugal durante a estadia de dom João, foi ele que deu a largada para a independência. Veio a separação pelas mãos do seu filho dom Pedro I e a continuação do Império com o neto dom Pedro II.

Não fosse a deposição de dom Pedro II, com a proclamação de república, Isabel também teria reinado, continuando a dinastia Bragança. E foi ela, a princesa, que fez entrar para a história do país a data do aniversário do bisavô. Como regente do Império, na ausência de dom Pedro II, Isabel extinguiu formalmente, em 1888, a escravidão no Brasil.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O discurso do rei

12 de maio de 1937 é a data em que o rei George VI foi coroado. O recente vencedor do Oscar 'O Discurso do Rei' não se trata de uma biografia, mas um relato por uma visão diferenciada da ascensão do rei ao trono.

Na foto, George VI com a rainha Elizabeth.

Clique aqui para ler a notícia da coroação.

E aqui para ler a crítica do filme.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Egresso da ULBRA ganha Prêmio Marques de Melo

fonte: http://www.ulbra.br/ (http://www.ulbra.br/graduacao/noticia/1772/egresso-da-ulbra-entre-os-vencedores-do-premio-jose-marques-de-melo/)

Entre os artigos científicos vencedores do Prêmio José Marques de Melo, organizado pela Rede Alfredo de Carvalho (Alcar), está um trabalho gaúcho realizado na ULBRA. ‘Quando o Diário furou o Correio: a morte do Papa Pio XI na imprensa porto-alegrense em 1939’, de Carlos Eduardo Andrade Garcia, egresso do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, foi o terceiro colocado na premiação, que aconteceu durante o VIII Encontro Nacional de História da Mídia. O evento foi realizado entre os dias 28 e 30 de abril na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava, Paraná.

Garcia graduou-se na Universidade e inscreveu no evento o mesmo artigo apresentado como trabalho de conclusão do concurso, em julho de 2010. A pesquisa, orientada pela mestra Jamile Dalpiaz, apresenta um resgate histórico e esclarece questões até então divergentes acerca da cobertura da morte do Papa Pio XI na imprensa da Capital à época.

Para atingir o objetivo e esclarecer se, de fato, e quando efetivamente o Diário de Notícias furou jornalisticamente o Correio do Povo, o artigo, na primeira parte, contextualiza desenvolvimento do jornalismo gaúcho nas primeiras décadas do século XX. Em seguida, resgata a história dos dois jornais envolvidos e, por fim, detalha os desdobramentos do episódio.

Carlos enfatiza a importância de conquistar este prêmio: “É um incentivo para eu continuar pesquisando; o prêmio Marques de Melo é uma excelente iniciativa da Rede Alcar. O meu artigo estava disputando o prêmio com trabalhos ótimos, não esperava ser escolhido entre os melhores”. O egresso da ULBRA agradeceu o apoio da orientadora Jamile Dalpiaz e do coordenador do curso de Comunicação Social, Deivison Campos.

Estímulo à Memória da Mídia

O Primeiro Prêmio José Marques de Melo de Estímulo à Memória da Mídia foi uma das principais atrações do VIII Encontro Nacional de História da Mídia. Concorriam ao prêmio os trabalhos inscritos no congresso por alunos graduandos. O primeiro colocado foi ‘Comunicação e História: a imprensa de Belém no alvorecer do século XX’, de Phellippe Sendas e orientado por Netília Seixas, da Universidade Federal do Pará; e em segundo lugar ficou ‘Reconstruindo uma trajetória: a história da televisão em Guarapuava’ de Luciana Grande e orientado por Ariane Pereira, da Unicentro, do Paraná.

Durante o evento, também foram realizadas conferências com o escritor e professor Jean-Yves Mollier (Université de Versailles Saint-Quentin / França), com o tema "Mídia e público: história de uma incompreensão durável" e o jornalista e escritor Reynaldo Castro (Universidad Nacional de Jujuy / Argentina), com o tema "Tecer com fios quebrados: uma estratégia de comunicação das memórias da repressão das ditaduras". Ainda foram abordados os “150 anos de nascimento do padre inventor Roberto Landell de Moura”, em painel que contou com a participação do professor Luciano Klockner (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), do jornalista Hamilton Almeida (biógrafo do padre Landell) e do radialista e ex-senador gaúcho Sérgio Zambiasi (autor de um projeto que visa tornar Landell um herói nacional, por criar o meio Rádio).

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Templos de Porto Alegre

Dores e Conceição: as mais antigas


A Igreja Nossa Senhora das Dores poderia ser considerada a edificação religiosa mais antiga – e ainda conservada – de Porto Alegre, não fosse a data de sua conclusão. A pedra fundamental foi lançada em 1807, mas a obra do templo só foi concluída cem anos mais tarde. Nesse meio tempo, a Igreja Nossa Senhora da Conceição foi construída, tendo sua obra finalizada quase 30 anos antes das Dores.

A capela-mor da Igreja das Dores não demorou a ser concluída. Em 1813, a imagem da santa foi transladada da Matriz para a nova construção, com entrada, então, pela rua do Cotovelo (atual Riachuelo). A falta de dinheiro, todavia, atrasou as obras, que só foram retomadas ao fim da Revolução Farroupilha, em 1846. Na ocasião, Luis Alves de Lima e Silva – Conde de Caxias – então governador do Estado, destinou verba para o início da construção da nave. Desta forma, os trabalhos tiveram prosseguimento e as paredes, telhado, fachada e abóbada foram concluídos em 1860. A consagração do templo datou de 1868 e a escadaria de acesso à rua da Praia, foi construída em 1873. Mas ainda faltava para a obra estar completa. As torres e o revestimento só foram acrescentados ao edifício no início do século 20. A segunda torre foi concluída em 1904 e os últimos acabamentos em 1907, quando completou um século do lançamento da pedra fundamental.

Mais de 40 anos depois do início das obras das Dores, foi iniciada a construção da Igreja da Conceição, em 1851. A capela-mor e a nave central foram concluídas em 1858. No mesmo ano a imagem da santa foi transladada – também proveniente da Matriz – para a nova edificação. O frontispício, porém, só foi concluído em 1880. Vinte e sete anos, portanto, antes da conclusão das Dores.



A mais antiga foi demolida

Notem que estou me referindo às igrejas mais antigas de Porto Alegre ainda em pé. O templo mais antigo construído na cidade é a Madre de Deus, também chama de Matriz. Sua obra teve início em 1779 e a conclusão do corpo em 1794. O restante do edifício, entretanto, também demorou a ser concluído. A última torre foi finalizada em 1846. Sua demolição aconteceu em 1920 para dar lugar ao novo prédio da já Catedral Metropolitana.


Outra Igreja do período é a Nossa Senhora do Rosário. Teve a pedra fundamental lançada em 1817 e foi inaugurada em 1927. Não entra para o nosso rol por ter sido demolida em 1951. Com a alegação de que o prédio estava mal conservado e, até, condenado, cedeu o espaço para a atual Igreja do Rosário.




As foto sem crédito foram retiradas de http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Concei%C3%A7%C3%A3o-poa-11.jpg e http://portoalegre.blogs.sapo.pt/310.html.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Carlos Cavaco, o tribuno galanteador



Sobre um banco da praça da Alfândega, Carlos Cavaco inflamava o público com suas palavras que tinham efeito de faísca. A habilidade retórica se repetia com a pena e seus protestos em favor dos trabalhadores, nos discursos e pelos jornais, retumbavam nos ouvidos do governo positivista. Um Carlos Cavaco poeta e romântico também ajudou a escrever a história de Porto Alegre. Suas peripécias, todavia, nem sempre acabavam bem.

Galã de cinema, Cavaco protagonizou o primeiro filme Brasileiro “Ranchinho de Palha”, em 1909. Conhecido por seus versos e serenatas, a atuação na telona arrancou suspiros do público feminino porto alegrense, aumentando ainda mais a sua fama de Dom Juan.

Em 1912, por exemplo, envolveu-se com Leonor, menor de idade e filha do conhecido major João Príncipe. O caso ganhou dimensão maior quando, certo dia, coincidentemente, tanto Cavaco quanto a menina sumiram. O acontecimento teve grande repercussão na provinciana Porto Alegre e a busca mobilizou um pelotão da Brigada, comandado por Chico Flores. Encontrado na copa de uma pitangueira, o sedutor foi condenado a um ano e dois meses de prisão. Quando saiu da casa de correção, onde escreveu dois livros, foi recebido com festa por seus seguidores.

Essa paixão do povo pela sua figura se devia muito ao seu carisma, mas também aos incansáveis protestos na defesa dos trabalhadores. Desde que abandonou a carreira militar e chegou em Porto Alegre, em 1904, Cavaco dedicou-se a ajudar os menos favorecidos. Influenciado pelas ideias socialistas, teve participação ativa na primeira greve geral da história do Estado, quando conseguiu unir rivais anarquistas e socialistas para lutar pela mesma causa.

Em 1908, começou a advogar. Porém jamais ganhou dinheiro algum com a profissão. Sempre atuando na defesa dos pobres, Cavaco fazia advocacia de caridade, como define seu biografo, Ivo Gaggiani. “Quando a imprensa anunciava sua presença na tribuna forense, as dependências do tribunal eram sempre pequenas para receber todos aqueles que para ali acorriam com o propósito de ouvir sua palavra”.

Durante a Primeira Guerra, uma campanha de adesão ao serviço militar foi liderada por Olavo Bilac. Em Porto Alegre, quem tomou as rédeas do movimento foi Carlos Cavaco, que após discurso épico sobre um banco da Praça da Alfândega convenceu milhares de pessoas a se alistar nas forças militares que combateriam na Europa. O conflito mundial fez com que Cavaco também liderasse uma campanha contra os alemães. Formou um grupo de mil voluntários, chamado Legionários do Sul, que literalmente incendiou as ruas da capital. Revoltados com os ataques dos submarinos alemães a embarcações brasileiras, os legionários destruíram diversos estabelecimentos de propriedade alemã na cidade.

Embora polêmico e, muitas vezes, revolucionário, Carlos Cavaco sabia utilizar seu poder de convencimento para fazer aquilo que acreditava ser o bem. Tanto nas artes quanto na política – como poeta, teatrólogo, escritor, jornalista, advogado, etc – ele buscava dar o seu melhor, não esperando retorno. Figura ímpar na história de Porto Alegre – do Rio Grande e do Brasil – Custódio Carlos de Araújo, o Toco, há 49 anos (morreu em 22/12/1961) deixou um vácuo na sociedade gaúcha.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Transporte público de Porto Alegre

Memória da Carris

A Carris é a empresa de transporte público mais antiga, em atividade, do país. Foi fundada em 1872, a partir de um decreto de Dom Pedro II. Para ilustrar esse quase século e meio de história, a empresa apresenta um raro acervo fotográfico - com imagens de ônibus, bondes, sedes da empresa, funcionários, bilhetes etc - que pode ser visto no album Picasa, Museu Virtual Memória Carris.