Caos na Porto Alegre de 1911
Parecia cena de um romance policial. O amanhecer da pacata
Porto Alegre naquele 5 de setembro de 1911 foi singular. O jovem Alcides Brum
saiu cedo de casa para abrir a estabelecimento de câmbio onde trabalhava. Mal
pode abrir a porta e a vitrina da loja à Andradas e já foi surpreendido por um
grupo de quatro assaltantes. Antes de qualquer movimento do rapaz, os bandidos
não perderam tempo em abrir fogo. Baleada a vítima, juntaram os valores que
puderam e bateram em retirada.
Local do crime: Rua da Praia, à direita |
Desceram os quatro assaltantes pela atual Uruguai, tomando
logo a Sete de Setembro. Ao chegarem no espaço que hoje é conhecido por Largo
Glênio Peres que os guardas os viram. Não vacilaram em tomar um carro de praça
e descer pela Voluntários. No andar, já sendo perseguidos pela polícia,
abandonaram o transporte de equinos e tomaram um bonde, retirando todos
passageiros de dentro. Na velocidade que exigiram que o motorneiro impusesse, o
comboio descarrilou no caminho para a Zona Norte.
Os fugitivos ainda roubaram uma carroça e aí se perderam na antiga várzea do Gravataí. Só no dia seguinte foram encontrados. Os policiais, ao achar os bandidos, não vacilaram e balearam os quatro. O transporte dos corpos pareceu um desfile. O carro foi seguido pela população e as cenas foram registradas para um filme sobre o caso – produzido por Eduardo Hirtz e que estreou poucos dias depois no cinema Coliseu. O crime abalou a sociedade porto alegrense à época, além de virar alvo de disputas políticas, policiais e jornalísticas.
Rafael Guimaraens conta o episódio em detalhes no romance A
tragédia da Rua da Praia, lançado pela editora Libretos. Vale a pena conferir a obra que não só relata o caso como remonta todo ambiente de Porto Alegre naquele tempo, inserindo personagens célebres do cotidiano da capital à época.
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