Fenômeno à beira mar
Uma mulher formosa, com linhas delgadas, a pele bronzeada, a barriga durinha e a bunda rija e empinada sempre causa alvoroço na beira da praia. Principalmente se ela estiver envergando um daqueles biquínis que encobre não mais que 15 % das nádegas. Os solteirões logo dão um jeito de chamar a atenção, os mais tímidos apenas observam por trás das lentes escuras dos óculos de sol e os casados... bem, os casados, de suas posições desconfortáveis, ensaiam um olhar disfarçado que logo é repreendido pela esposa. Aliás, mulheres são as que mais olham para essas belas, não as admirando, mas invejando-as e torcendo por um acidente que as façam despencar dessa passarela de beleza.
Mas essas figuras tão desejadas pelos homens e abominada pelas mulheres estão longe de serem consideradas o motivo de maior alarde na orla marítima. Outro fenômeno bem menos atraente é a “sensação” da praia. Chama-se vendedores ambulantes. É inacreditável a quantidades deles circulando pela areia. Vendem de tudo, desde brincos até coalhada. Claro que uns são mais procurados que outros. Os vendedores de picolés, por exemplo, fazem muito sucesso entre a criançada, bem como os comerciantes de bonecos infláveis. Os pequenos tem a ilusão de que podem usar os brinquedos como bóia.
Entretanto o fenômeno que me refiro como destaque são os vendedores de roupas. Quando surge uma daquelas araras sobre rodas abarrotada de vestidos, cangas e biquínis, a mulherada enlouquece. Os comerciantes nordestinos arrebatam o público feminino das areias. Os carrinhos estão sempre cercado de mulheres que, olham, olham, olham. Depois de muito olhar, experimentam (o detalhe é que não tem provador, aí vai por cima do biquíni, mesmo). A etapa seguinte é a da pechincha. O vendedor lança, inicialmente um preço altíssimo, que, até a negociação se concretizar, caiu pela metade. Coisas de mulher. Afinal, alguma vez já se viu um homem negociando com o atendente do bar ou quiosque para baixar o preço da cerveja?
- Quanto é a Skol? – pergunta, inicialmente, o cliente.
- Cinco reais.
- E a Brahama?
- Não temos Brahma. Só Skol e Polar.
- Muito caro. Tu me faz por três pila?
- Não posso. É cinco.
- Então, deixa – diz o cliente, virando-se para ir embora.
- Tá, o máximo que eu posso fazer é por quatro.
- Ah, é que eu só tenho três e cinqüenta no bolso – mente o cliente.
- Tá bom. Dois copos? – cede, finalmente, o vendedor. Em seguida o cliente entrega uma nota de vinte para pagar.
Imaginem. Não dá. As mulheres, sim. Cercam o nordestino das roupas e vão o apertando até ele aceitar o preço que elas acham justo. Se ele não fizer, elas não levam. Afinal, tem vários vendedores.
Ainda tem aquele grupo das mulheres que não compram. Quando enxergam a arara ambulante, pulam da cadeira, chamam as amigas vão rodear o carrinho de roupas. Examinam peça por peça, perguntam o preço de todas e, depois de matar o vendedor no cansaço, descartam-no, esperando o próximo.
Como pode esses comerciantes atrair tantas mulheres para suas lojas ambulantes. Nem o Bred Pit ou Reinaldo Gianequini (Não se é esses que elas gostam...) são capazes de fazer uma mulher esquecer os carrinhos de roupas dos nordestinos. Elas ficam tão satisfeitas naquele momento, que esquecem que seus maridos podem estar olhando e, até mesmo, arriscando uma cantada em uma daquelas gostosas que deixam a público masculino alvorotado. Mas para sorte das esposas e azar dos rapazes, essas beldades também estão enfiadas no bolinho que cerca o carrinho do vendedor de roupas.
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