terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Templos de Porto Alegre

Dores e Conceição: as mais antigas


A Igreja Nossa Senhora das Dores poderia ser considerada a edificação religiosa mais antiga – e ainda conservada – de Porto Alegre, não fosse a data de sua conclusão. A pedra fundamental foi lançada em 1807, mas a obra do templo só foi concluída cem anos mais tarde. Nesse meio tempo, a Igreja Nossa Senhora da Conceição foi construída, tendo sua obra finalizada quase 30 anos antes das Dores.

A capela-mor da Igreja das Dores não demorou a ser concluída. Em 1813, a imagem da santa foi transladada da Matriz para a nova construção, com entrada, então, pela rua do Cotovelo (atual Riachuelo). A falta de dinheiro, todavia, atrasou as obras, que só foram retomadas ao fim da Revolução Farroupilha, em 1846. Na ocasião, Luis Alves de Lima e Silva – Conde de Caxias – então governador do Estado, destinou verba para o início da construção da nave. Desta forma, os trabalhos tiveram prosseguimento e as paredes, telhado, fachada e abóbada foram concluídos em 1860. A consagração do templo datou de 1868 e a escadaria de acesso à rua da Praia, foi construída em 1873. Mas ainda faltava para a obra estar completa. As torres e o revestimento só foram acrescentados ao edifício no início do século 20. A segunda torre foi concluída em 1904 e os últimos acabamentos em 1907, quando completou um século do lançamento da pedra fundamental.

Mais de 40 anos depois do início das obras das Dores, foi iniciada a construção da Igreja da Conceição, em 1851. A capela-mor e a nave central foram concluídas em 1858. No mesmo ano a imagem da santa foi transladada – também proveniente da Matriz – para a nova edificação. O frontispício, porém, só foi concluído em 1880. Vinte e sete anos, portanto, antes da conclusão das Dores.



A mais antiga foi demolida

Notem que estou me referindo às igrejas mais antigas de Porto Alegre ainda em pé. O templo mais antigo construído na cidade é a Madre de Deus, também chama de Matriz. Sua obra teve início em 1779 e a conclusão do corpo em 1794. O restante do edifício, entretanto, também demorou a ser concluído. A última torre foi finalizada em 1846. Sua demolição aconteceu em 1920 para dar lugar ao novo prédio da já Catedral Metropolitana.


Outra Igreja do período é a Nossa Senhora do Rosário. Teve a pedra fundamental lançada em 1817 e foi inaugurada em 1927. Não entra para o nosso rol por ter sido demolida em 1951. Com a alegação de que o prédio estava mal conservado e, até, condenado, cedeu o espaço para a atual Igreja do Rosário.




As foto sem crédito foram retiradas de http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Concei%C3%A7%C3%A3o-poa-11.jpg e http://portoalegre.blogs.sapo.pt/310.html.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Carlos Cavaco, o tribuno galanteador



Sobre um banco da praça da Alfândega, Carlos Cavaco inflamava o público com suas palavras que tinham efeito de faísca. A habilidade retórica se repetia com a pena e seus protestos em favor dos trabalhadores, nos discursos e pelos jornais, retumbavam nos ouvidos do governo positivista. Um Carlos Cavaco poeta e romântico também ajudou a escrever a história de Porto Alegre. Suas peripécias, todavia, nem sempre acabavam bem.

Galã de cinema, Cavaco protagonizou o primeiro filme Brasileiro “Ranchinho de Palha”, em 1909. Conhecido por seus versos e serenatas, a atuação na telona arrancou suspiros do público feminino porto alegrense, aumentando ainda mais a sua fama de Dom Juan.

Em 1912, por exemplo, envolveu-se com Leonor, menor de idade e filha do conhecido major João Príncipe. O caso ganhou dimensão maior quando, certo dia, coincidentemente, tanto Cavaco quanto a menina sumiram. O acontecimento teve grande repercussão na provinciana Porto Alegre e a busca mobilizou um pelotão da Brigada, comandado por Chico Flores. Encontrado na copa de uma pitangueira, o sedutor foi condenado a um ano e dois meses de prisão. Quando saiu da casa de correção, onde escreveu dois livros, foi recebido com festa por seus seguidores.

Essa paixão do povo pela sua figura se devia muito ao seu carisma, mas também aos incansáveis protestos na defesa dos trabalhadores. Desde que abandonou a carreira militar e chegou em Porto Alegre, em 1904, Cavaco dedicou-se a ajudar os menos favorecidos. Influenciado pelas ideias socialistas, teve participação ativa na primeira greve geral da história do Estado, quando conseguiu unir rivais anarquistas e socialistas para lutar pela mesma causa.

Em 1908, começou a advogar. Porém jamais ganhou dinheiro algum com a profissão. Sempre atuando na defesa dos pobres, Cavaco fazia advocacia de caridade, como define seu biografo, Ivo Gaggiani. “Quando a imprensa anunciava sua presença na tribuna forense, as dependências do tribunal eram sempre pequenas para receber todos aqueles que para ali acorriam com o propósito de ouvir sua palavra”.

Durante a Primeira Guerra, uma campanha de adesão ao serviço militar foi liderada por Olavo Bilac. Em Porto Alegre, quem tomou as rédeas do movimento foi Carlos Cavaco, que após discurso épico sobre um banco da Praça da Alfândega convenceu milhares de pessoas a se alistar nas forças militares que combateriam na Europa. O conflito mundial fez com que Cavaco também liderasse uma campanha contra os alemães. Formou um grupo de mil voluntários, chamado Legionários do Sul, que literalmente incendiou as ruas da capital. Revoltados com os ataques dos submarinos alemães a embarcações brasileiras, os legionários destruíram diversos estabelecimentos de propriedade alemã na cidade.

Embora polêmico e, muitas vezes, revolucionário, Carlos Cavaco sabia utilizar seu poder de convencimento para fazer aquilo que acreditava ser o bem. Tanto nas artes quanto na política – como poeta, teatrólogo, escritor, jornalista, advogado, etc – ele buscava dar o seu melhor, não esperando retorno. Figura ímpar na história de Porto Alegre – do Rio Grande e do Brasil – Custódio Carlos de Araújo, o Toco, há 49 anos (morreu em 22/12/1961) deixou um vácuo na sociedade gaúcha.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Transporte público de Porto Alegre

Memória da Carris

A Carris é a empresa de transporte público mais antiga, em atividade, do país. Foi fundada em 1872, a partir de um decreto de Dom Pedro II. Para ilustrar esse quase século e meio de história, a empresa apresenta um raro acervo fotográfico - com imagens de ônibus, bondes, sedes da empresa, funcionários, bilhetes etc - que pode ser visto no album Picasa, Museu Virtual Memória Carris.